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5G está apenas começando; e as perspectivas são otimistas

Por: Roberta Prescott

A era do 5G está apenas começando. Atualmente, apenas dez países concentram 94% das conexões do mundo, sendo que a China detém 70% dos assinantes globais de 5G e tem 1,6 milhão de estações de base 5G. Diferentemente do que ocorreu em 4G, a China embarcou em 5G logo no começo. “O mercado que tem muito a crescer, estamos vendo apenas o começo dele”, disse Ari Lopes, gerente-sênior da Omdia para service providers nas Américas, ao apresentar um panorama do mercado de telecomunicações na América Latina, no Telco Transformation Latam 2022. Depois de três anos sem ocorrer presencialmente, a 5ª edição do evento é realizada no Rio de Janeiro nos dias 17 e 18 de agosto.

Lopes se mostrou otimista com relação às perspectivas da evolução e do surgimento de diferentes modelos de negócios oriundos da ampliação da cobertura 5G na região. Mas ele foi cauteloso: os novos casos de uso não vão acontecer de um dia para outro. Os consumidores dos mercados emergentes esperam por mais aplicações, como cloud games, streaming em 4K e realidades aumentada e virtuais, e as empresas buscam parceiros para operar redes privadas, contudo, ainda tarda algum tempo para que aplicações mais complexas e robustas, como cirurgias remotas, entrem no cotidiano.

O panorama de aparelhos aponta para isso. Ainda que houve uma queda de 47% no primeiro trimestre deste ano na penetração de smartphones com 5G embarcado. Tem, de acordo com o consultor, um volume significativo de aparelhos aptos para a nova geração da telefonia móvel, um número que é, inclusive, mais significativo em comparação com o que ocorreu com 4G. O preço médio dos aparelhos 5G é de cerca de 400 dólares e a expectativa, segundo Lopes, é que haja queda no valor médio.

“A adoção de 5G, cinco anos depois do lançamento, é esperada para ser muito maior em comparação do que foi a adoção de 4G; e será mais espalhada pelas regiões”, apontou Lopes. Segundo ele, o fato de a China ter entrado tão cedo no mercado tem implicações na escala, nos preços, na disponibilidade de dispositivos e no mercado de redes, trazendo ganhos de escala e de escopo, ficando o 5G mais amplamente distribuído ao redor do mundo. Por isso, imaginamos que a performance de 5G seja melhor que 4G. Nosso forecast é bastante positivo”, disse.

Falando sobre o Brasil, a expectativa é que o País represente cerca de 50% no total de acessos da América Latina, que a Omdia estima que alcance 307 milhões de subscritores em 2026. Ao comparar as gerações, fica claro que cada geração cresce em cima do que foi construído na geração anterior. “5G está chegando em regiões mais cedo que o 4G chegou anos atrás e tudo isso tem impacto”, apontou Lopes, acrescentando que o mercado está apenas começando essa jornada e tem muita coisa para acontecer ainda.

Com relação aos planos com 5G, monitoramento da Omdia apontou que, para mercado consumidor, a maior parte das operadoras lança novos planos de pacotes de dados, algumas apostando em planos híbridos e outras fazendo diferenciação e lançando planos 5G com serviços digitais melhorados, como incorporando realidade aumentada, streaming de vídeo em alta definição. Um destaque é para pacotes com cloud gaming e para o dado de que apenas um quarto dos planos de 5G é ilimitado.

Já a monetização do 5G encontra barreiras, principalmente, nos mercados emergentes. O baixo ARPU é um dos motivos, uma vez que a premissa básica da monetização de 5G é conseguir consumidores pagando mais ao adicionar serviços. Além da questão de poder de compra, outros inibidores incluem cobertura limitada o que impossibilita introduzir serviços de maior complexibilidade. Contudo, a expectativa dos consumidores é de que 5G traga não apenas mais velocidade, como também novos serviços. E, neste sentido, cloud gaming vem se destacando.

“Estamos entrando em um mundo no qual 5G e fibra ótica se tornarão mais importantes e vão habilitar experiências da nova geração de gaming. Cloud gaming está crescendo a uma taxa alta e é um dos mercados mais interessante para se olhar e explorar. Existem oportunidades ali ”, destacou Lopes, apontando que as telcos estão buscando oportunidades fora do core business delas.

Do ponto de vista empresarial, desde o desenvolvimento de 5G, diversas indústrias vislumbraram casos de uso baseado em baixa latência e alta velocidade. “5G foi pensado para ser flexível, da mesma maneira que atende a requerimentos de gamers, atende a outras diversas para aplicações. Mas toda esta gama de serviços e aplicações demoram, não vêm tudo de uma vez. Diferentes aspectos de 5G vão habilitar diferentes casos de uso - cada um com seu tempo de amadurecimento”, ponderou Lopes.

Uma aplicação é rede privada e engana-se quem pensa que as empresas implantam buscando apenas baixíssima latência. Não é só sobre isso, alertou o especialista da Omdia, apontando que segurança, privacidade e confiabilidade encabeçam a lista de motivações das companhias para buscar uma rede privada. Isso mostra, segundo ele, que as empresas não estão, pelo menos em um primeiro momento, pensando em conectar nada que seja crítico.


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