Painel de discussão abordou redes neutras e casos de usos no segundo dia do Telco Transformation Latam 2024, realizado no Rio de Janeiro.
Roberta Prescott
As empresas de redes neutras podem revolucionar o mercado à medida que otimizam a malha de fibra ótica. Mas o avanço delas, principalmente, entre provedores de internet depende de fatores como modelos de negócios, transformação cultural, processos adequados e a constante inovação tecnológica.
“É antieconômico colocar fibra ótica onde já exista bons backbones. A Mega não tem fetiche por ter rede, você tem de mudar o mindset”, ressaltou Carlos Eduardo Sedeh, CEO da Megatelecom, ao integrar o painel de discussão sobre redes neutras e casos de usos no segundo dia do Telco Transformation Latam 2024, realizado no Rio de Janeiro.
O executivo reconheceu que o fato de o ISP vender para o mercado corporativo possui um tíquete médio que permite investir em redes neutras de qualidade. “Como meu negócio não é de densidade, trabalhamos com o conceito de sermos abertos a redes neutras”, disse.
Fazendo uma avaliação do mercado, Sedeh avaliou que haverá necessidade por datacenters nas pontas e redes estáveis para empurrar o conteúdo para bordas. “Edge datacenters abastecidos por fibra ótica serão à prova de futuro”, disse.
Do lado de quem provém o serviço, Atila Branco, CTIO da Fibrasil, que opera em 151 cidades, assinalou que a empresa precisou se adaptar ao modelo dos provedores de internet e hoje os próprios ISPs são parceiros de manutenção de rede.
“Adotamos algumas premissas: zero legado, rede próprias e usufruir o máximo da tecnologia. Mas nós vivemos de escala. Além da Vivo, temos mais 50 clientes e temos de ser rápidos, ágeis e precisamos trabalhar em custo baixo”, enumerou. “A tese da Fibrasil é multi-tenant e ela já provou ser viável, mas precisa ser rentável”, acrescentou.
Para André Ituassu, CTIO da I-Systems, o fato de a companhia ter uma operadora por trás (TIM) é relevante para começar com escala grande, o que ajuda a ter uma base sólida de clientes, mas isso não pode ser impedimento para atender os ISPs da forma que eles. “A rede neutra foi criada para tirar os grandes investimentos das operadoras — e estamos evoluindo para infraestrutura digital e de serviços; e transformar a rede neutra em tudo como serviço”, explicou Ituassu.
Com relação à tecnologia, Branco, da Fibrasil, diz que a companhia conta com rede de fibra ótica e o site adequado para colocar datacenter. Atualmente, o mercado de fibra até a casa do cliente (FTTH) é o de massa e que exige mais. “Acredito que agora vamos começar a usufruir os novos serviços. Temos uma infraestrutura de TI totalmente baseada na nuvem e algoritmos de IA para prever falhas e mandar a preventiva antes dela acontecer”, apontou o CTIO.
Criar edge datacenter levando os serviços para mais perto dos clientes pode viabilizar aplicações corporativas e fomentar a internet das coisas. “ Tudo que a gente fala de IoT vai ser viabilizado com rede neutra”, apontou Ituassu. “Não podemos ser vistos como tampão, como a rede que se usa quando não tem alternativa, temos de criar ciclo positivo de uso da rede neutra”, acrescentou o CTIO da I-Systems.
A companhia começou com modelo FTTH e está evoluindo para fibra para o escritório (FTTO), mirando o mercado de pequenas e médias empresas. No horizonte está prover de edge datacenter até a conexão final e tudo como serviço.
Do lado da Nexo Latam, uma plataforma de infraestrutura digital que dá suporte à empresa de investimentos na região da América Latina, Marcelo Mesquita lembrou que existe um processo de inovação corrente que veio com o surgimento das redes neutras. “Mas não dá para investir a fundo perdido”, assinalou.
O surgimento de empresas de fibra, a partir de operadora única, fez o investimento envolvido no início da operação antecipar o fluxo de caixa. No entanto, ele ressaltou que, para ser neutra, é preciso abrir a rede para ter mais clientes conectados. “Ser parceiro dos clientes vai trazer eficiência para a cadeia”, ponderou.
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