Fechando o Telco Transformation Latam 2024, Henry Douglas Rodrigues, gerente-executivo de pesquisa, desenvolvimento e inovação do Inatel, falou sobre o avanço das tecnologias e as possibilidades de casos de uso que vêm com novos releases do #GPP
Roberta Prescott
As redes 5G estão em operação há pouco mais de dois anos no Brasil, mas ainda enfrentam problemas de monetização, com uma relação de Capex e faturamento das operadoras mais alto em 5G. “É muita despesa para pouca receita”, resumiu Henry Douglas Rodrigues, gerente-executivo de pesquisa, desenvolvimento e inovação do Inatel, keynote de encerramento do Telco Transformation Latam 2024, realizado no Rio de Janeiro nos dias 20 e 21 de agosto.
Assim, o desafio das prestadoras de serviços de telecomunicações tem sido conseguir novas fontes de renda por meio de novas aplicações e casos de uso. E é aí que entram os novos releases do 3GPP, que prometem expandir as capacidades da rede com os releases 18, 19 e 20 — 5G Advanced —, disponíveis a partir de 2024, e o 6G, a partir do release 21, cujos sistemas comerciais devem começar em 2030.
Rodrigues explicou que, com o 5G Advanced, espera-se uma melhoria no uplink e na segurança. A tecnologia vai possibilitar 5G multicast, IoT de baixo custo, edge e slicing e integração com NTN. O ambiente de internet das coisas ganhará com dispositivos de baixíssimo custo e que operam sem bateria, atendendo a aplicações de tag e sensoriamento.
“Tag sem bateria e sem fio já existe com RFID, mas em RFID o dispositivo tem de passar por um portal para fazer a leitura. Esse tag tem a leitura feita de qualquer lugar com cobertura da área móvel. Um exemplo de aplicação é colocar a tag no rótulo de um produto como um frasco de vacina para você acompanhar todo o ciclo de vida, fazendo leituras da temperatura etc”, disse.
Dentro da evolução das tecnologias móveis, o gerente-executivo do Inatel lembrou que a primeira geração (1G) data de 1980, possibilitando a voz analógica e tendo principal foco nos negócios. Já 2G veio na década seguinte, em 1992, aportando voz digital e SMS e mirando o consumidor. Em 2002, 3G acrescentou a internet na palma da mão e atendeu a necessidades de negócios. Ficou para o 4G melhorar o acesso à web, em 2012, com áudio, vídeo, aplicativos e IoT, tendo foco maior no consumidor.
Seguindo esta lógica, Rodrigues pontuou que 5G é lançado no ano de 2020 possibilitando realidades aumentada e virtual e atendendo ao segmento de negócios. Ficará para 2030, com 6G, o incremento da tecnologia com sensoriamento e imersão com foco maior consumidor, quando será possível, por exemplo, trabalhar com hologramas, comunicação imersiva, massiva e hiperconfiável de baixa latência.
“Vemos que a maturidade vem a cada duas gerações. O 3G se propôs a transmitir dados, mas era lento e o 4G resolveu. O 5G prometeu 1 milissegundo, mas, na prática, não cumpriu e temos a expectativa de 6G se tornar o 5G maduro. E, como a cada dez anos, emerge uma nova tecnologia, pode-se esperar 7G para 2024”, assinalou o especialista.
Ele também desenha novos cenários, com comunicação e sensoriamento integrados, passando a observar os sinais para inferir as informações sobre objetos não-conectados ao ambiente; a comunicação e a IA integradas, com IA sendo parte da rede, aplicada em todas as camadas e a infraestrutura sendo usada para prover aplicações de IA para os usuários; e a conectividade ubíqua.
Outros casos de uso incluem gêmeos digitais em larga escala, interações remotas avançadas (hologramas) e zonas seguras invisíveis para prover segurança em locais públicos como aeroportos, praias e estádios. “Dentro da comunicação imersiva tem uma onda de tecnologias que estão em rota de fusão com 6G como a internet dos sentidos, com transmissão do tato, audição, olfato, paladar e visão.”
Mas para quando esperar todas estas novidades. Rodrigues foi cético: “6G não vai ser implantado enquanto 5G não der retorno. Este é o desafio. Por outro lado, se a nova rede trouxer novas aplicações, o cliente final vai querer e vai transformar a sociedade”.
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