Por: Roberta Prescott
O leilão de frequências que habilitou a implantação de redes de quinta geração no Brasil foi desenhado de forma a, de fato, resultar em uma transformação no País. Ao palestrar no Telco Transformation Latam 2022, Artur Coimbra, conselheiro da Anatel, explicou que o leilão de 5G não foi arrecadatório e que, por ter ocorrido depois de outros países, não cometeu mesmos erros.
“Nosso leilão de 5G teve desenho diferente; procuramos não cometer os mesmos erros que os países que fizeram primeiro cometeram. Um dos elementos que nos concentramos é que 5G entregasse uma mudança significativa para os usuários. Nos outros países, vemos que as telcos se concentraram em 5G DSS ou 5G NSA e aqui exigimos o release 16 do 3GPP, que é 5G Standalone, pois é o que efetivamente consegue chegar a velocidades acima de 1 Gbps, dependendo da agregação”, detalhou.
Por não ter sido com foco na arrecadação, o leilão de 5G converteu os valores em obrigações de investimentos, o que, segundo Coimbra, diferencia o Brasil de outros países. Foi também o maior leilão da história da América Latina e o maior do mundo em quantidade de bandas vendidas simultaneamente.
Em sua fala no encerramento da quinta edição do evento, promovido pela Conecta Latam e que voltou a ser presencial, Coimbra destacou algumas obrigações como diferenciais do leilão. Entre elas, ele apontou a previsão de implantação de redes 5G em todas as cidades brasileiras. “Conseguirmos, não apenas prever para todas as cidades, como levar standalone para mais de mil localidades rurais. Além disso, todas as localidades mapeadas pelo IBGE terão 4G ou tecnologia superior até 2029”, disse.
Outra demanda que o edital conseguiu atender foi a cobertura das rodovias federais. Além da falta de sinal (segundo ele, entre 60% e 70% não têm cobertura), muitos dos trechos cobertos não contam com acordos entre as operadoras para que o cliente de uma possa usar a rede de outra enquanto trafega nos locais. “Foram colocadas duas obrigações: cobrir todos os 36 mil quilômetros de rodovias federais que não estão cobertas e ter acordos para todos terem acesso integral às redes quando estiverem na rodovia”, apontou.
Coimbra destacou ainda o avanço em backhaul de fibra ótica com a previsão de atender a 530 municípios, as redes privativas, a migração da banda C para ku das parabólicas, fator crítico para a expansão de 5G nas capitais, compartilhamento de postes, acordos de roaming, entre outros temas.
Expectativas
Artur Coimbra disse que a expectativa é que, em três anos, o Brasil seja o país com a maior cobertura de 5G SA do mundo. “Isso devido à maneira como desenhamos o leilão. Para além disso, temos a expectativa de aumento da produtividade, principalmente, em quatro segmentos econômicos a partir da aplicação de tecnologia: ambiente rural, gestão de cidades, saúde e manufatureira.”
O 5G, ressaltou o conselheiro da Anatel, começa como um instrumento para que as empresas incrementem a produtividade. “O objetivo da Anatel é permitir que famílias e pessoas que sejam mais prósperas e que isso ocorra por meio da educação, que é viabilizada por meio das redes de telecom, para que destino das pessoas não dependa do acaso de onde ela nasce”, finalizou.
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