Painel debateu o planejamento estratégico para redes estarem prontas para o futuro, apontando como telcos argentinas se prepararam para 5G e abordando o potencial de inteligência artificial para as redes
Roberta Prescott
A América Latina avança na infraestrutura para preparar as redes para o futuro, com prestadoras de serviços de telecomunicações e fornecedores trabalhando para evoluir a operação de rede. “Estamos preparados para o futuro; temos grandes opções no cardápio de tecnologias, mas tem de saber usá-las de forma mais adequada”, destacou Andre Bedin Alves, gerente de vendas de rede de software para América Latina na IBM, ao participar do painel que debateu o planejamento estratégico para redes preparadas para o futuro, nesta terça-feira (20/8) no primeiro dia do Telco Transformation Latam 2024, realizado no Rio de Janeiro.
Contudo, há desafios nesta jornada, conforme apontou Eduardo Panciera, diretor de tecnologia e core na Telecom Argentina. “Nem temos 5G e já falamos de 6G, mas neste caminho temos de trabalhar com os sistemas legados que nós, operadoras, temos e a forma de trabalhar com isso é convertendo em sistema programável, tendo redes programáveis, porque os produtos serão personalizados”, analisou. Uma visão compartilhada por Juan Carlos Zeron, diretor de vendas de soluções de telecom na Redhat, que frisou que a indústria de telecom ainda precisa resolver problemas de legado.
“A preparação da rede está sendo feita ao longo dos anos”, apontou Mauro Fukuda, diretor de tecnologia, estratégia e arquitetura de rede na V.tal. Na banda larga fixa, o futuro da rede está na incorporação de funcionalidades, dando suporte a aplicações de baixa latência, o que exige edge computing. “É uma oportunidade para criar modelos de automação, modelos que melhoram a experiência de uso e criam serviços diferenciados dentro da banda larga fixa”, acrescentou Fukuda, para quem a fibra ótica é uma tecnologia à prova de futuro devido à alta velocidade e baixa latência.
Falando sobre o impacto de IA em redes, Andre Bedin Alves, da IBM, voltou no tempo para lembrar que, com o surgimento das primeiras redes das operadoras, há 20 anos, “nasceu também a utopia de termos redes autônomas para automaticamente identificar falhas, mas isso esteve distante em função da tecnologia”.
Contudo, na última década a evolução tecnológica imprimiu avanços na rede. “Começamos a ter uso de IA na cadeia produtiva da rede, como no planejamento e na implantação. Hoje vemos IA ativa no momento de operação e suporte às redes (AIOps), temos soluções que usam IA preditiva e algoritmos de machine learning que permitem prever o crescimento de tráfego”, enumerou.
E ele fez um alerta: a inteligência artificial generativa não vai trazer disrupção quando aplicada na operação da rede, devido à grande quantidade de dados gerados. “Nesta etapa,
IA já é realidade no momento final de operação das redes e hoje se discute muito a aplicação de inteligência artificial generativa para os momentos iniciais da rede e ela será mandatória para novos serviços de 5G que pedem baixa latência”, explicou.
Juan Carlos Zeron, da Redhat, acrescentou que a IA tem potencial para resolver problemas básicos, podendo dar uma resposta às diferentes necessidades da rede, mas, para tanto, é preciso estar preparado.
Avanço de 5G na Argentina
A Telecom Argentina começou a planejar seu caminho rumo ao 5G entre 2018 e 2019, criando uma estratégia de desenvolvimento para o novo padrão de rede, enquanto ainda aguardava o plano de espectro que saiu no ano passado. “O sistemas de core e a capacidade de transporte tinham de ser distintos. Você tem de estar preparado. O core que implementamos em 2017 já estava virtualizado, mas a tecnologia evolui, o core também e é importante avançar com tudo”, disse Eduardo Panciera, acrescentando que, há alguns anos, a telco mudou para um novo core que permite avançar até 5G.
A Telecom Argentina agregou novas capacidades para suportar, por exemplo, 5G SA e, com isso, novas features. “Falamos sempre de deixar de ser dump pipe e com isso poder prover serviços que vão mais além da conectividade e exponenciar a capacidade das telcos”, completou Panciera.
A Claro Argentina também preparou sua infraestrutura ano a ano para atender à crescente demanda, conforme relatou Juan Francisco Catalán, diretor de planejamento, engenharia e qualidade da rede para Argentina, Uruguai e Paraguai da telco. “Fomos preparando a rede para a demanda e também as redes de transporte e de agregação para melhorar a experiência de serviço e pavimentar o caminho para 5G”, detalhou, acrescentando que toda a infraestrutura de backhaul foi pensada em fibra ótica visando à maior capilaridade possível justamente com a perspectiva de atender a maiores capacidades.
Francisco Catalán disse que a operadora está avançada na implementação das redes 5G e isso vem permitindo ativar e degustar os benefícios da rede, que ainda tem desafios de cobertura. “No início, era complementar as capacidades de 4G e trazer os heavy users”, contou.
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