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Telcos são pipes e serviços em cima da rede vão levar à monetização

Nessa jornada, inteligência artificial é uma aliada para permitir a criação de novos casos serviços 


Roberta Prescott 


Como transformar o enorme volume de dados que as prestadoras de serviços de telecomunicações detêm em informações úteis e sucintas para o negócio e como elas podem usar os dados para ir além da infraestrutura de conectividade. Estas perguntas nortearam o painel “Como as telcos estão se preparando para o volume de tráfego de IA e qual o papel das telcos?”, no Telco Transformation Latam 2024, realizado no Rio de Janeiro nos dias 20 e 21 de agosto. 


Sim, as operadoras devem ser ‘pipes’ — e primar pela qualidade de serviço —, mas elas também já entenderam que a rentabilidade da rede virá de serviços adicionais. André Costa, consultor de tecnologia da Quorum - International Consulting, ao abrir o painel, reconheceu que o desafio das telcos é enorme e que projetos voltados para o mercado corporativo se tornam habilitadores de novos casos de uso. 


“Queremos ser donos da rede, da conectividade que habilita todos os segmentos na digitalização, mas, para mais do que isso, queremos ser facilitadora e temos trabalhado em prover serviços digitais para B2B”, destacou Albervan Luz, diretor de eCare e transformação digital da Claro. O objetivo é ser um agente que facilite os negócios digitais das empresas.  


Enock Cabral Almeida Vieira, líder de automação e IA na Algar Telecom, concordou que as prestadoras de serviços de telecomunicações não podem abrir mão de “ser um bom pipe, com qualidade, capilaridade e fazer o básico bem-feito”. Por outro lado, Vieira apontou que, no varejo, as teles lidam com a guerra de preço, derrubando a margem. 


“Na Algar, vemos que alguns serviços como de TIC e IoT conseguem suprir a queda de margem que temos na conectividade e investimos pesado nisso. Criamos uma unidade de negócio focada em pensar produtos para termos outro portfólio, além da conectividade. Apostamos nisso e tem dado certo”, contou o executivo, explicando que, conectividade segue como carro-chefe e um serviço essencial, mas além de fazer isso a telco tem procurado novos serviços. 


A Antel Uruguai também aposta em contar com redes orientadas a serviços para suprir demandas que têm necessidades de capacidade e latência, disse o CIO da telco, Fernando Fontán. “Somos pipe, mas aparecem oportunidades que mudam o modelo e vamos ter necessidade por computação como nunca antes na história”, profetizou, enumerando como demandas modelos treinados, uso de nuvem pública com capacidades locais para complementá-la, edge. “Aplicações de inteligência artificial generativa vão mudar o tráfego”, acrescentou.  


Complementando a fala de Fernando Fontán, Albervan Luz assinalou que a obrigação das telcos é fazer bem a parte de conectividade, mas que parcerias com empresas de datacenters e provedores de nuvem e serviços digitais podem habilitar as telcos a fazer melhor uso dos dados para ter ofertas cibersegurança. “Também usamos os dados para prover o nosso próprio serviço de streaming, Claro TV+, que junta todos os produtos, inclusive o nosso Now, e com dados podemos personalizar a experiência do cliente”, exemplificou. 


Isso porque “vender capacidade não é um negócio que vai monetizar”, conforme apontou Fernando Fontán, da Antel. Para ele, as telcos estão diante de uma oportunidade de diferenciar o tráfego e colocar priorização para segmentos como jogos, streaming e outros, oferecendo serviços com qualidades específicas. “É melhorar a experiência do usuário, sendo o ator confiável dele.” 


Os executivos também abordaram a adoção de inteligência artificial. Para Enock Vieira, da Algar, IA vai aumentar a capacidade da rede. “Outra tendência são os agentes de IA que permitem uma automação mais abrangente e de alto nível. A tendência é que aumente o tráfego intrarredes, com as clouds e as novas aplicações de GenAI que vão surgir”, disse.  


Contudo, o executivo da Claro ressaltou que há pontos para evoluir na adoção de inteligência artificial. O primeiro é contar com uma regulação para ter regras de uso de LLMs; outro é a autorregulação que proteja os clientes sem parar a inovação.; e o terceiro é educar as pessoas para usar IA.   


Com o boom da GenAI, Vieira chamou a atenção para a necessidade de incrementar o cuidado com o dado do cliente. “Este cuidado é o primeiro ponto. O segundo é o cuidado com sistemas de analytics da empresa, que tem de ter mais integração e com checkpoints para verificar se o dado não está corrompido, além da segurança tradicional das aplicações”, reforçou.  


Albervan Luz disse que a Claro usa técnicas de melhores práticas para evitar vazamento ou corrompimento. “Não guardamos dados sensíveis”, enfatizou. Com relação à IA, disse que LLM é caro, complexo de fazer e consome muitos dados — e, por isso, a operadora partiu para SLM, que tem modelo mais especializado e menos abrangente, talvez um caminho para reduzir os custos. 

 

“Estamos discutindo para onde vai o futuro e, operadoras, temos uma oportunidade como nunca de nos transformar. Temos de aproveitar a vantagem da tecnologia incorporá-la; já sabemos trabalhar com dados, temos experiência com isso e vamos construir oportunidade para o futuro”, Fernando Fontán. 




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