O futuro das telcos está na cloudificação; trata-se de um caminho sem volta, conforme apontou painel que debateu os desafios e as oportunidades da transformação das redes de telecomunicações
Roberta Prescott
A jornada para computação em nuvem leva a operações mais ágeis e a chegada de 5G deve tornar a cloudificação das cargas de trabalho ainda mais frequente. Mas para isso é preciso explorar as arquiteturas nativas de nuvem e entender os desafios da transformação das redes para tirar o máximo proveito. Esses pontos foram abordados no painel “Revolução da cloudificação: jornada para operações ágeis: dos silos à integração; alcançando automação entre domínios”, realizado no primeiro dia do Telco Transformation Latam 2024, realizado no Rio de Janeiro.
“O caminho é cloud; todos os serviços vão para nuvem. O futuro e a sobrevivência das empresas dependem da velocidade delas se adaptarem”, atestou Mauricio Barrantes Quesada, gerente-geral da Racsa, ressaltando que é preciso acelerar a migração e pensar em empresas altamente digitalizadas, deixando de lado infraestrutura tradicionais.
Trata-se de um salto que é preciso dar, mas sempre entendendo a necessidade do cliente. “Um dos principais objetivos deve ser inovar e acompanhar para saber se o que está sendo desenvolvido hoje mira o futuro ou apaga fogo”, ponderou Barrantes.
Na Antel, empresa estatal de telecomunicações do Uruguai, a cloudificação é encarada como um projeto estratégico para o qual estão envolvidas pessoas de vários perfis da empresa, trazendo várias visões, conforme explicou Gabriela Mullukian, responsável pela área de desenho de acesso móvel na Antel. “Desde o desenho da cloud, precisamos desenhar planos e pensar na automatização, o que trouxe ideias diferentes desde vários pontos de vista”, explicou.
Mullukian também destacou que a estatal enxerga a virtualização como uma necessidade básica para deixar a rede mais eficiente e conseguir autenticações automáticas. “Para poder jogar o jogo desta automatização, temos de implementar modelos de dados para permitir a interoperabilidade. E também trabalhar na criação de ambientes colaborativos entre diferentes vendors”, ponderou a executiva, acrescendo que as operadoras precisam estar dispostas a tomar risco.
Parte dos desafios está em entender as mudanças nos modelos de contratação. Luis Carlos Couto Souza, gerente da Vivo para data core e TelcoCloud Planning, frisou que, tradicionalmente, se contratavam soluções fim a fim, contudo, com o conceito de cloudificação e virtualização, começou-se a fazer separações. “O primeiro degrau é a cloud privada e depois partir para cloud pública, que é mais disruptiva, porque grande parte da operação fica por hyperscale”, disse.
O painel apontou que focar na orquestração é um fator-chave para o sucesso dos projetos. “É ter uma infraestrutura única e ela atender a várias aplicações, daí, estamos falando de orquestração. A virtualização é a primeira ferramenta para trabalhar orquestração e acho que é uma evolução”, detalhou Souza, da Vivo, explicando que o primeiro passo é implementar as funções de rede e o segundo passo é monitorar para então deixar a rede autônoma. “Conseguir implementar isso em um ambiente multivendor tem complexidade.”
Na FiBrasil, como contou o diretor de TI, Alessandro Gentil, apesar de a operação ter começado 100% em nuvem, inicialmente, não trabalhou com modelo ágil ou DevOps. “Ainda precisamos desenvolver, pensando em gerar valor para a companhia, ter entregas mais rápidas e ágeis e trabalhar com features menores”, assinalou.
O executivo apontou que automação, inteligência artificial e machine learning estão tomando cada vez mais espaço. “Na FiBrasil, estamos desenvolvendo um projeto para prevenção de falhas de rede e para isso indo na linha de uso de IA e machine learning. A ideia é pegar histórico de tíquete de incidente de problemas e alarmes para conseguir prever e evitar problemas, o que também ajuda nossos técnicos de campo.”
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